Entre janeiro a março de 2020, o Dr. Luiz Penzo esteve no serviço de neurorradiologia intervencionista (neurointervenção) do Toronto Wester Hospital, Canadá, sob a orientação do Prof. Timo Krings e do Prof. Vitor Mendes Pereira, ambos referências internacionais no tratamento de doenças cerebrovasculares e pioneiros na técnica de cirurgia robótica neurovascular. Ainda, a título de conhecimento, o Dr. Vitor é brasileiro, médico neurocirurgião formado pela Universidade Federal do Maranhão na qual, recentemente, recebeu título de Professor Honoris Causa.
Entenda o que é Neurorradiologia Intervencionista
A neurointervenção, também conhecida por neurorradiologia terapêutica ou neurorradiologia intervencionista, trata-se de um procedimento realizado por meio de uma técnica minimamente invasiva na qual, através de um vaso (seja artéria e/ou veia), navegam-se cateteres até alcançar o destino desejado de estudo ou região acometida para tratamento.
Esse método se destaca em relação aos tratamentos convencionais por ser muito menos invasivo, por trazer melhores resultados e por uma recuperação mais rápida do paciente.
O Toronto Wester Hospital foi o primeiro serviço no mundo, e até o momento o único, a realizar uma cirurgia robótica de embolização de aneurisma cerebral. Nesse período, o Dr. Luiz Penzo presenciou dois procedimentos com a técnica robótica e observou a revolução que estes médicos estão realizando na neurointervenção mundial. Nestas cirurgias, o procedimento é controlado remotamente pelo Dr. Vitor Mendes Pereira possibilitando, através do auxílio da robótica, maior precisão no controle dos materiais.
Além disso, segundo Dr. Vitor, “a expectativa é que os futuros sistemas robóticos possibilitem o controle remoto a centenas ou até milhares de quilômetros de distância permitindo, por exemplo, o atendimento rápido de procedimentos críticos como o acidente vascular cerebral (AVC) isquêmico com atendimento de ponta aos pacientes em qualquer lugar, independentemente da geografia.”
Além da revolução robótica, o Dr. Luiz Penzo teve a oportunidade de presenciar o lançamento do novo stent diversor de fluxo, da empresa Medtronic, utilizado no tratamento de aneurismas cerebrais: o Pipeline Vantage. O procedimento realizado no Toronto Wester Hospital também foi coordenado pelo Dr. Vitor Mendes Pereira que contou, inclusive, com o registro de todos os passos do procedimento para demonstração do novo modelo em congressos.
O Pipeline é o stent diversor de fluxo mais utilizado para tratamento dos aneurismas cerebrais no Brasil. No entanto, o novo dispositivo "Vantage" - evolução do stent utilizado atualmente no nosso país - ainda não foi disponibilizado pela ANVISA. “A expectativa de chegada no Brasil do novo stent diversor de fluxo Pipeline Vantage é grande, pois sua visualização e maleabilidade são claramente um avanço para otimizar o tratamento do aneurisma cerebral”, afirma Dr. Penzo.
Outro material de destaque na embolização de aneurisma cerebral presenciado durante o estágio foi o stent “Woven EndoBridge” (WEB) que é o primeiro stent diversor intravascular para tratamento de aneurismas cerebrais. Esse material é amplamente difundido na França e cada vez mais ganha espaço no mundo devido suas vantagens.
Nesse período, o Prof. Jacques Moret, chefe do serviço de Bicetre University Hospital, Paris, reconhecido internacionalmente pela sua extensa contribuição na neurointervenção e expert na implantação do dispositivo supracitado, esteve por uma semana no Toronto Wester Hospital transmitindo seu vasto conhecimento, agregando ainda no período do estágio. Segundo Dr. Penzo, apesar da disponibilidade deste novo modelo de stent no Brasil, ainda existe uma limitação técnica e estrutural que permita sua utilização difusa.
Outro ponto exaltado durante sua permanência no Toronto Wester Hospital foi a velocidade e organização no tratamento do AVC isquêmico.
Segundo Dr. Penzo, no Brasil existe uma clara falta de conscientização, tanto por parte dos pacientes quanto por parte das autoridades governamentais e gestores dos hospitais, referente à urgência no tratamento do AVC. Porém, essa mazela pode e deve ser mudada seguindo-se os passos de centros de referência como o de Toronto. O jargão “tempo é cérebro” (que demonstra a relação de que quanto mais rápido tratarmos o paciente, mais cérebro será salvo e vice-versa) é levado a sério lá e nós também devemos fazer por valer.
Por fim, Dr. Luiz Penzo conclui que apesar do inverno rigoroso, o frio e a neve não foram um problema, pelo contrário, apenas otimizaram a incrível experiência vivida ao longo desses meses ao lado de grandes profissionais referência da neurointervenção internacional no Toronto Wester Hospital.