HIPERTENSÃO INTRACRANIANA IDIOPÁTICA: O QUE É

         Que na medicina existem diversas doenças raras e complexas, isso não é novidade. Mas quando vamos para o mundo do cérebro e da mente, as patologias tornam-se ainda mais curiosas. Nesse texto, vou abordar sobre uma doença rara em específico, de difícil diagnóstico e de tratamento, porém, com aumento de casos nas últimas décadas: a hipertensão intracraniana idiopática.

O que é Hipertensão Intracraniana Idiopática?

            Afinal de contas, o que é a Hipertensão Intracraniana Idiopática (HII) e porque esse nome que parece mais um xingamento do que uma patologia? Apesar desse nome estranho, é possível que você já tenha ouvido falar dessa doença por outras nomenclaturas, como: Síndrome do Pseudo Tumor Cerebral, Hipertensão Intracraniana Benigna ou Hipertensão Intracraniana Venosa.

            Vamos lá… A Hipertensão Intracraniana Idiopática é uma doença que se caracteriza pelo aumento da pressão dentro do crânio sem que haja um motivo específico, causando dor de cabeça e podendo levar à cegueira ou até mesmo à morte. Usualmente acomete pessoas jovens e adultos jovens, do sexo feminino, com sobrepeso ou obesidade. Em resumo, é uma doença que causa dor de cabeça e quando não diagnosticada em tempo hábil pode levar a perda da visão devido aumento da pressão intracraniana.

Quando que a pressão intracraniana está aumentada?

            O crânio possui uma variação de pressão que é considerada dentro do normal, permitindo seu funcionamento adequado. Para compreender melhor sobre essa variação de pressão, podemos comparar, por exemplo, com a pressão que nos medimos no braço. Assim como nosso corpo possui como uma variação de pressão que é considerada normal e tem um limite pra essa normalidade (Deu 120x80 mmHg, está legal. Deu 160x100 mmHg, está alta), nosso crânio também tem uma pressão limite que, a partir de um determinado valor, consideramos elevado, isto é, HIPERTENSO.

            A título de curiosidade, o valor de normalidade da pressão intracraniana é entre 7,5 e 20 cmH20 (que representa entre 5 a 15 mmHg). A pressão corporal é medida usualmente em mililitro de mercúrio, ao passo que a pressão intracraniana, é usualmente medida em milímetro de água. Sendo assim, valores acima de 20 cmH20 determinam a presença da HII.

Como que a pressão intracraniana aumenta?

            A pressão intracraniana é estabelecida pelo equilíbrio existente entre três integrantes: o tecido cerebral (ou parênquima encefálico), os vasos sanguíneos (que são as artérias e veias) e o líquor cefalorraquidiano (também conhecido como líquido cerebrorraquidiano). Ou seja:  Tecido cerebral + Vasos sanguíneos + Líquor.

           Como o crânio é uma estrutura hermeticamente fechada, com um tamanho fixo e sem espaço para entrar ou sair nada, qualquer volume adicional causa elevação da pressão intracraniana.

           Sendo assim, uma disfunção que causa acúmulo de uma dessas estruturas preexistentes ou uma adição de outras que não existiam, inevitavelmente, resulta uma hipertensão intracraniana. Um tumor cerebral, uma hemorragia intracraniana ou, ainda, uma obstrução na drenagem do líquor que causa seu acúmulo, são exemplos que podem ocasionar a hipertensão intracraniana.

O que é idiopática? 

            No caso da Hipertensão Intracraniana Idiopática, o aumento da pressão é “do nada”, sem a interferência de outras doenças ou variáveis. O termo idiopático é definido como algo que se forma ou se manifesta espontaneamente ou a partir de causas obscuras/desconhecidas, não associado a outra doença. Uma hipertensão intracraniana decorrente de um derrame, por exemplo, é secundário ao sangue acumulado onde não deveria estar. Já no caso da HII, na maioria dos casos, não compreendemos exatamente o porquê isso acontece, é obscuro, e portanto recebe o nome de idiopático.

Por que essa nomenclatura?

            Quanto à nomenclatura, ao longo da história, a Hipertensão Intracraniana Idiopática, já recebeu outros nomes, dos quais três se destacam:

            - Síndrome de Pseudotumor Cerebral;

            - Hipertensão Intracraniana Benigna;

            - Hipertensão Venosa Intracraniana.

            A nomenclatura de Síndrome de Pseudotumor Cerebral é explicada justamente por essa doença se assimilar clinicamente a um tumor, causando hipertensão intracraniana com dor de cabeça, náuseas e vômitos e alteração visual, sem que realmente haja um tumor (daí pseudo ou falso tumor). Como a palavra tumor por si só é estigmatizante, este termo Síndrome do Pseudo Tumor Cerebral entrou em desuso.

            A nomenclatura de Hipertensão Intracraniana Benigna resolveu o estigma gerado pelo uso da palavra tumor, porém – ao se utilizar do termo benigna – trouxe uma falsa impressão de que a doença não causasse sérias consequências às pessoas. Sabe-se que a HII pode sim causar graves consequências e limitações como a cegueira e até mesmo óbito.

            Por fim, a nomenclatura Hipertensão Venosa Intracraniana trouxe uma outra opção, dessa vez, focando numa das possibilidades de causa para doença. Atualmente, sabe-se que em muitos casos existe uma correlação entre o tamanho reduzido dos vasos de drenagem venosa, chamados seios venosos, e a presença da hipertensão intracraniana, justificando assim a terminologia Hipertensão Intracraniana Venosa.

            Porém, este termo não é capaz de responder pela totalidade dos casos, visto que nem todas as pessoas demonstram essas alterações após investigação. Existem casos que, por exemplo, estão associados ao uso de medicações e outros, que por sua vez, acabam não tendo uma causa claramente definida. Sendo assim, por justificar apenas uma parcela dos casos de hipertensão intracraniana, esta nomenclatura também deixou de ser usada.

            Provavelmente, com a evolução da medicina através de novos estudos desvendando a fisiopatologia desta doença, exames de imagem mais acurados e o surgimento de novas tecnologias, a Hipertensão Intracraniana Idiopática futuramente poderá ser subdividida em diversas outras doenças conforme se estabelece a causa. Enquanto isso, o termo mais adequado e mais usado continua sendo Hipertensão Intracraniana Idiopática.

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         As doenças cerebrovasculares são complexas e necessitam tanto de tratamento adequado quanto de prevenção. Portanto, agende uma consulta para garantir que tudo está bem ou, na pior das hipóteses, tratar o problema antes que aconteça algo pior. Nossa equipe fica a disposição para auxiliar você no cuidado do maestro do seu corpo: seu cérebro.